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Três não é demais?

 

Tudo começou quando vó Matilde – como não se incomoda de ser chamada – teve um problema no seu carro e o levou até uma oficina mecânica onde conheceu um rapaz muito atencioso e educado, que além de cuidar bem do veículo, deu a entender que estava afim de conhecê-la melhor.

Desse primeiro contato saiu o pedido para um encontro, que foi frustrado, pois o rapaz não apareceu. Pensando que não valia a pena fazer disso um problema, vó Matilde seguiu a sua vida, porém o destino se encarregou de cruzar os caminhos dos dois outra vez.

Algum tempo depois, o carro apresentou novos problemas, e adivinha onde ela levou? Exatamente. Na oficina em que seu ‘paquera’ trabalhava, e lá o reencontrou.

Conversa vai, conversa vem, ela perguntou o motivo de ele não ter aparecido no encontro que haviam marcado, e ele lhe disse que ficou tímido, pois ela havia falado que levaria a irmã e ele preferiu não aparecer.

Daí veio a coragem dele para o pedido de um novo encontro e ela aceitou. Felizmente, ele apareceu, os dois conversaram, se gostaram e deram início a uma amizade colorida.

Ela o convidou para passar o carnaval daquele ano na casa de veraneio da família, ele aceitou, conheceu a família dela e a amizade logo virou namoro. Passado algum tempo, eles resolveram morar juntos e então começaram as brigas por ciúmes e falta de atenção, e ele decidiu sair de casa.

Vó Matilde passando por todo sofrimento, que é de praxe numa situação como essa, tinha algo mais para se preocupar: sua filha adolescente – fruto de um relacionamento anterior – ficou grávida e foi um momento de muita turbulência e estresse na vida dela, mas tudo foi se acertando aos poucos.

 

Um ano depois, com o neto já nascido, vó Matilde foi surpreendida com uma aliança e proposta de compromisso pelo ex-namorado, mas, ainda magoada e desconfiada com a mudança repentina, não aceitou.

Mesmo assim, os dois mantiveram a amizade, e outra vez o amor falou mais alto, dando espaço a uma reconciliação. Só que, nesse meio tempo em que estavam separados, ele havia se mudado para a cidade do interior onde, sua família mora, enquanto vó Matilde seguiu morando em Salvador.

Num fatídico dia, ela ficou sabendo através de um sobrinho do seu amado, que ele estava morando com outra mulher no interior, uma moça mais jovem, que ela, posteriormente, ficou sabendo por ele que foi “empurrada” para dentro de sua casa e de sua vida por seus pais. Mas ele prometia todos os dias que iria dar um basta nisso, o que não aconteceu.

No início, vó Matilde ficou relutante em aceitar tal situação, mas foi se acostumando, e a relação seguiu assim: ela sabendo da outra e a outra sabendo dela, e as duas se dando bem, chegando mesmo a cuidares uma da outra em situações de doença.

Atualmente, vó Matilde mora sozinha na ilha de Itaparica, e ele mora com a outra mulher no interior, mas eles se falam todos os dias por telefone e se veem pelo menos a cada 15 dias.

E, durante esse período de pandemia pouca coisa mudou. Quando estão juntos, eles não saem. Ele vai de carro até a casa dela, tomando todas as precauções necessárias e ela tem se mantido em isolamento também.

E, com todas as dificuldades já enfrentadas, esse relacionamento moderno superou obstáculos, preconceitos e adversidades. E o ‘trisal’ segue feliz e servindo de exemplo para mostrar que o amor não obedece nenhum padrão.

Por Edgar Luz

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Vamos conhecer agora Matilde dos Anjos, uma senhora de 74 anos que “divide” o namorado com outra mulher. Isso mesmo, um relacionamento a três que, apesar das dificuldades, se mantém firme há 35 anos.

Quarenlove - Relacionamentos amorosos na pandemia

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Trabalho do 7º semestre de Jornalismo

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