O AMOR ESTÁ NO AR
A doença que tomou o mundo de surpresa em março de 2020, não apenas causou colapsos nos sistemas de saúde e financeiro mundo afora, mas também separou casais e aproximou outros
Se você fosse Gilberto Gil e pudesse “fugir desse lugar, baby”, para onde você iria em tempos de pandemia da Covid-19? As circunstâncias exigem o isolamento social e ser prudente tornou-se sinônimo de sensatez, no entanto, não é bem assim que as coisas funcionam quando o assunto versa sobre relacionamentos amorosos.
Muitos envolvimentos começaram durante a pandemia, enquanto antigos afetos tiveram seu final não tão feliz durante este período - esta reportagem é justamente sobre isso e também sobre incertezas e angústias, sentimentos tão comuns na nova ordem mundial, interferindo, inclusive, na vida amorosa dos corações apaixonados (ou despedaçados).

A nova normalidade, enquanto cria laços obrigando a vida a continuar, apesar do perigo de contágio e das medidas que vêm forçando as pessoas a permanecerem em casa, também destrói relacionamentos. Pelo menos, é isso o que afirma o Colégio Notarial do Brasil, instituição que representa os tabeliães de notas em todo o país.
Segundo o órgão, 5.306 casais se divorciaram em junho, contra 4.471 em maio. Para termos uma ideia, no estado do Amazonas o número de casos de divórcios consensuais aumentou em 133%; já na Bahia, esse aumento chegou a 50%, de acordo com a Corregedoria Nacional de Justiça.
Para a terapeuta de casais Daniele Souza, a convivência extrema, ou seja, a superexposição ao outro durante o período da pandemia, pode causar estresse e desgaste das relações.
Segundo ela, essa probabilidade é ainda maior quando já há um desajuste na relação.
"O aumento da convivência tem a tendência de intensificar o que existe de potencialidades, bem como os pontos a melhorar individualmente e também na relação em si"
“No contexto da pandemia, precisamos compreender também que se trata de uma situação inédita para todos, envolvendo diversos problemas como saúde, economia e isolamento social, capazes de criar ou agravar problemas nas relações”.
Essa pode também ser a razão pela qual houve um aumento significativo no número de divórcios registrados no país. De acordo o psicólogo Allan Brandão, embora não se possa culpabilizar o aumento do tempo de convivência por essa escalada no índice de separações, ela pode, sim, ter uma parcela grande de contribuição.
“É uma questão multifatorial, quanto mais questões desajustadas existirem na relação sem se buscar resolvê-las, aliadas a uma crise mundial e todas as suas implicações, a convivência ininterrupta com alguém com que se tem assuntos importantes que estejam desajustados, pode criar um cenário em que o divórcio se torne uma válvula de escape".
Por outro lado, a superexposição das pessoas umas às outras pode fortalecer os vínculos afetivos, uma vez que essa convivência tende a potencializar o que já existe. O casal que dispunha de uma relação mais equilibrada, em que se tinha espaço para discussão, conseguirá fazer uma filtragem dos problemas externos à relação, como afirmou o psicólogo.
Além disso, o entendimento de que o outro também está passando pelo mesmo contexto e que a união pode ajudar a superar as dificuldades, faz com que a intensificação da convivência seja um espaço de melhorias dos aspectos que, a distância, não se podia buscar.
“Não vamos aqui romantizar, os casais que possuem uma relação equilibrada, também têm problemas, se desentendem, precisam de espaços e atividades individuais, são afetados pela pandemia em diversas esferas, mas têm maiores chances de praticarem a cumplicidade e superar os desafios juntos vendo o outro como um aliado”, ponderou.
Quanto aos casais que não conseguem conviver durante o período da pandemia por morarem geograficamente distantes, embora já acostumados à ausência prolongada do outro, o ineditismo e a falta de controle sobre a situação podem abrir uma via de mão dupla, de acordo com a terapeuta Daniele Souza.
“De alguma forma esses casais podem já estar habituados com a questão da relação a distância. Mas precisamos considerar que os motivos pelos quais estão sendo "obrigados" a ficarem distantes no contexto da Pandemia são inéditos".
"Esse contexto leva a refletir sobre o que realmente é prioridade nas nossas vidas. Então, é preciso buscar outras formas de se fazer presente nessa relação, ainda que não presencialmente”.
No entanto, as incertezas quanto ao futuro, de forma geral, podem condenar os relacionamentos ao término.

Mas o que “agrava realmente o problema é o contexto da própria relação e expectativas projetadas no futuro. Porém, as relações que buscam ajustamento, que visam melhorias, tendem a superar as dificuldades com maior facilidade”, explicou Daniele.
Mas será que essas incertezas podem afetar a vida sexual de todos que já encontramos os nossos pares ou que ainda estamos “na pista”, uma vez que a sexualidade faz parte dos aspectos básicos da qualidade de vida? De acordo com os especialistas, a sexualidade pode ser impactada de forma semelhante a todos os outros aspectos básicos que estão sendo afetados pela pandemia.
Uma outra face do isolamento social originado pela pandemia acontece com a exacerbação da necessidade de convívio entre as pessoas, o que pode levar a uma busca exagerada por parceiros sexuais em aplicativos de relacionamento.
“O convívio social é uma necessidade básica, precisamos nos relacionar de maneira benéfica e a sexualidade faz parte de um conjunto de aspectos que precisamos vivenciar de forma saudável. Não se deve visar a busca sexual como uma maneira de compensar outras necessidades que não estejam sendo atendidas, pois isso, além de não resolver o problema, pode literalmente criar outros”, completou o psicólogo Allan Brandão.
Mas como lidar com todas as restrições e desafios originados pela pandemia da Covid-19? Esta é uma das grandes questões atuais que ainda está sem resposta, apesar dos esforços dos cientistas, líderes religiosos e casais apaixonados (assim como solteiros em busca de aventuras) em todo o mundo.
Nas cenas dos capítulos seguintes, trazemos três histórias de amor e separação na pandemia.
“Tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo...”
Assim como na música “Sonhos”, de Peninha, o relacionamento de Camilla e Victor saiu das brincadeiras e conversas despretensiosas do grupo de amigos no WhatsApp para se transformar em um amor que se fortalecia, ao mesmo tempo em que a pandemia do novo coronavírus se desenvolvia e fechava fronteiras, aeroportos e portas, exigindo o isolamento social.
Os dois publicitários se conheceram em uma agência da capital baiana, como colegas de trabalho, e passaram a ter contato diário pelas demandas que o ambiente profissional lhes exigia. Com o avançar dos meses, logo se formou a amizade entre os "criativos", um grupo composto por 8 participantes, dentre os quais, Camilla e Victor.
Para Victor, a possibilidade de um relacionamento amoroso com Camilla era algo inimaginável:
"Sempre gostei dos posicionamentos dela sobre a vida e até mesmo sobre as relações que viveu. Me sentia à vontade para me abrir e via em Milla uma verdadeira amiga, conselheira e quase psicóloga. Acho que foi por isso que a intimidade entre a gente cresceu, sem que percebêssemos", disse.
Victor mantinha um namoro de quase 5 anos, uma relação que vinha bem, mas que por algum motivo que nem mesmo ele consegue identificar, começou a desandar. De acordo com ele, o sentimento que nutria pela até então parceira, foi deixando de existir naturalmente, até desaparecer por completo, restando somente o amor por parte da ex-namorada.
Camilla, por sua vez, estava solteira, tinha um ou outro “rolo”, é verdade, mas nada que tivesse muita relevância para ela. Ao perceber que seu amigo estava precisando de conselhos para superar a culpa pelo término do namoro e a sensação de deixar uma ex-namorada desolada com o fim da relação, ela se viu ainda mais próxima de Victor.
E foi assim, compartilhando intimidades, experiências e pontos de vista, que ambos passaram a fazer uso, com frequência, do bate-papo privado do WhatsApp, além de ligações.
"Victor é um cara incrível e muito correto. Se sentia mal por fazer a ex-namorada sofrer com o fim do namoro, justamente pela ausência de amor, mas não podia continuar se culpando por ser coerente com o seu coração e foi justamente isso que tentei demonstrar em nossas conversas".
Camilla foi fundamental para que Victor conseguisse superar essa fase nada feliz após o término. O que ambos não sabiam, era que esse contato mais intenso geraria frutos maiores do que a sólida amizade construída.
Um fato inusitado ronda a história dos dois: Camilla incentivou o até então amigo a entrar no Tinder, o famoso aplicativo de relacionamentos que, inclusive, foi recorde de downloads durante a pandemia.
Victor, que se considerava enferrujado no quesito paquera, topou e fez o seu perfil, afinal de contas, não era algo tão anormal para um jovem solteiro utilizar uma ferramenta para conhecer mulheres.
Após as primeiras interações na nova realidade da vida de Victor, um perfil lhe chamou a atenção. A garota, de cabelos claros e sorriso bonito, atraiu o seu interesse e o match logo aconteceu.
Algumas conversas depois e um encontro foi marcado, ambos muito empolgados com a data que se aproximava. Porém, por prudência, a inesperada pandemia adiou o momento para um futuro ainda muito incerto, um futuro que jamais chegou a se concretizar.
Há mais de 8 meses, a pandemia mudou completamente o conceito básico das relações pessoais. O isolamento social impôs aos casais o desafio da convivência direta, sem intervalos, com direito a home office e divisão das tarefas domésticas.
Para os solteiros, os aplicativos de relacionamento têm sido o principal recurso de socialização e paquera diante do surto de coronavírus. Contudo, as preocupações na hora de marcar o tão esperado "date'’ são reais, já que com a pandemia, as possibilidades de concretizar um encontro encontram-se reduzidas.
Com a pandemia, a agência adotou o sistema de home-office, em que as pessoas começaram a trabalhar de casa e, assim, os contatos presenciais deixaram de existir. Foram meses vivendo em uma realidade virtual paralela e cansativa.
Até que a partir de uma brincadeira no grupo "criativos", Camilla e Victor, que até então não tinham avaliado a possibilidade de ser um casal, começaram a se questionar. E foi aí que o papo entre eles ganhou novos contornos e um direcionamento diferente, encontrando, em ambos, um sinal verde para que as coisas evoluíssem.
O tempo insistia em se arrastar, mas as conversas só melhoravam: frases carinhosas, brincadeiras mais apimentadas e a vontade de um primeiro encontro fora do ambiente virtual surgiu.
Camilla recebeu uma proposta de trabalho em outra agência e aceitou, precisando retomar presencialmente e de imediato suas atividades em seu novo emprego. Aproveitando a desculpa de Camila precisar quebrar o isolamento social, o "casal" não aguentou e agendou seu encontro para o final do expediente, uma pizza, ali mesmo, na nova agência.
A vontade de se encontrar e testar se a química da vida real era tão grande quanto a virtual, rompeu os próprios riscos impostos pela quarentena. Após o primeiro encontro, foi inevitável não desejar mais.
Camilla, que mora sozinha, hospedava sua mãe desde o início da pandemia. Com muito cuidado e sabendo que Victor continuava em home-office total, saindo de casa apenas para vê-la, ela o convidou para um novo encontro em seu apartamento.
Victor conheceu a mãe de Camilla e, desde então, passa os finais de semana na casa de seu novo amor. Não existiu um pedido formal de namoro entre eles, mas pela convivência ambos se consideram namorados.
Em um momento em que o mundo pedia distanciamento, Camilla e Victor se aproximaram e se apaixonaram, rompendo as barreiras virtuais que sustentavam grande parte das relações durante a pandemia para concretizar um sentimento que nasceu em meio à proliferação do vírus. Um amor que surgiu da amizade e brotou em plena quarentena, quando ambos optaram por estarem cada vez mais unidos.
“Ficaram as canções e você não ficou...”
A estudante baiana de arquitetura Edmara Santana, 23 anos, conhece bem a força e o sentimento de impotência por trás da voz de Maria Betânia na música “As canções que você fez pra mim”. Quando ela pega seu passaporte, o que sente é um misto de frustração e tristeza, disfarçadas por uma conversa sorridente.
O sentimento, que por vezes lhe traz momentos de silêncio resignado na contemplação das fotos e mensagens trocadas por aplicativo de celular, se deve à impossibilidade de voltar a viajar por conta de fronteiras e aeroportos fechados devido à pandemia da Covid-19.
Os chamados lockdowns e a proibição de não-nacionais entrarem em países estrangeiros, além de tomar o mundo de surpresa, fechou companhias aéreas, arrasou o turismo em proporções mundiais e pôs à prova os corações apaixonados como o de Edmara, que narra uma história familiar a milhares de pessoas mundo afora.
Quando conheceu seu namorado europeu, a estudante não imaginava que, de uma hora para outra, planos que sempre envolveriam viagens e visitas internacionais precisariam ser desfeitos.
Em março, o casal começou a acompanhar as notícias em vários jornais nacionais e estrangeiros, observando apreensivos as medidas restritivas que iam sendo delineadas. Até que no 16 desse mesmo mês, a Europa resolveu fechar suas fronteiras, sendo seguida por vários países, entre eles os EUA e o Brasil.
“Já tínhamos planejado tudo. A gente ia viajar de carro pelos Estados Unidos entre os meses de junho e julho, mas aí veio o coronavírus”, diz pronunciando em inglês o nome do agente causador da doença que não só cancelou a sua viagem, mas que serviu como o carrasco para o fim de sua relação.
Apesar de apaixonados e já com planos de levar o relacionamento aos próximos níveis, o casal, que se encontrou quando ambos eram estudantes na Europa, viu pouco a pouco a relação esfriar devido à falta de perspectiva de se reencontrem este ano ou no seguinte.
Psicólogos, como Ana Paula Barreto, alertam para o fato de que a falta de perspectiva em relação ao futuro pode trazer complicações de várias ordens psicológicas e emocionais. No caso de Edmara, além de uma nova percepção de incapacidade, a pandemia trouxe a tristeza de ver que sonhos e projetos se desfazem no ar.
“A questão é que você encontra alguém tão interessante e descobre que não basta apenas gostar ou fazer promessas de amor, especialmente quando a gente é jovem, né? Parece que tudo fica meio sem sentido de uma hora pra outra quando olham pra você e dizem: você não pode entrar no nosso país”, relata.
Enquanto nos fala sobre suas justificativas, os olhos não param de olhar o passaporte e as fotos sobre a mesa. É possível perceber na feição resignada, a luta interior pela aceitação do fim do namoro e o desejo de que um fio de esperança ainda diga que nada acabou. Desejo que fica evidente na voz pausada ao dizer palavras específicas enquanto conta a sua história.
“A gente se conheceu numa prova de vinhos da universidade onde eu era estudante de graduação e Tomas, de doutorado. Ele tinha acabado de chegar e foi ao evento com um amigo meu, que nos apresentou. Daí, a gente começou a se seguir no Instagram e passou a conversar. De lá pra cá, eu viajei com ele pela Europa e ele veio para o Brasil”, relembra em tom saudoso.
Mesmo tendo recorrido desde o início às redes sociais para se conhecer melhor e manter o relacionamento a distância após o fim do intercâmbio, com a probabilidade de afastamento por tempo indeterminado a ideia de continuidade do namoro começou a esfriar até que ambos decidiram por terminar o romance.
“Nosso namoro estava ainda no começo, e a gente não sabe quando e se essa pandemia vai permitir que nos vejamos tão cedo. Por isso, decidimos deixar a vida ir seguindo seu rumo. Vamos ver o que o futuro nos traz”, disse.
Após sete meses de afastamento físico e da expectativa que vem e volta, o casal, conforme relatou Edmara, tenta continuar vivendo cada dia, como se do dia para a noite fosse possível voltar a viver os sonhos antigos ou a entender exatamente o que significa o novo normal, especialmente diante da segunda onda da pandemia, que mais uma vez acirra as restrições nos países do globo.
“A gente tomou uma decisão mútua, mas eu sinto que, para Tomas, em dezembro, eu vou visitá-lo na República Tcheca e que vamos passar o Natal com a família dele. Mas, assim, eu acho que ele ainda não se deu conta do momento real que a gente está vivendo. Por isso, eu ainda vou tentando manter alguma coisa viva entre a gente”, confessa.
Antes de terminar a entrevista, Edmara voltou a buscar passagens na Internet. Seu olhar demorado, entristecido, destoava do sorriso que trazia no rosto, mas reforçava o suspiro longo e as palavras lentas com as quais se despediu: “Então... é isso...”.
“É só isso, não tem mais jeito, acabou, boa sorte…”
Os versos de Vanessa da Mata se encaixam perfeitamente na história que vamos contar agora. A estudante Luiza Lopes, de 22 anos, é a protagonista desse romance. E ela nos relata como o desgaste chegou na relação que cultivava há quase 4 anos, e como a quarentena evidenciou que realmente não tinha mais jeito para o casal.
Luiza afirma que a pandemia não foi a principal responsável pelo término, mas sim a mudança de rotina do casal. “Percebi que o contato físico não supria as minhas necessidades emocionais, e a pandemia veio para quebrar essa ilusão de que se ver sempre era significar que estava tudo bem…” explica.
O on-line sendo tão presente não foi o suficiente para o casal, pois o seu ex-parceiro não era muito de redes sociais. Então, quando não puderam mais se encontrar, Luiza percebeu que os dois já não tinham assunto em comum, as conversas por WhatsApp não rendiam.
“Sentia que éramos um casal com um relacionamento falido de muitos anos, falando somente o básico um com o outro. Percebia uma falta de valorização principalmente das coisas que eu gosto e penso em agregar ao meu futuro como profissional”, relata com irritação.
A falta de reconhecimento e admiração pelo que o outro fazia e gostava trouxe uma distância quase que de um Grand Canyon, tornando cada vez mais complicado manter a aproximação sentimental entre os dois.
Luiza diz que tentou salvar o relacionamento, conversando diversas vezes, porém entendeu que as pessoas não mudam assim, tão fácil. A pandemia rompeu com esse ciclo deixando claro que o namoro não ia bem. “ Eu comecei a pensar se era essa relação que eu queria para minha vida, se eu buscava alguém que não compartilhava tanto assim comigo.” acrescenta a estudante.
O isolamento social desfez a convivência diária e fez com que Luiza olhasse mais para si e descobrisse sonhos que estavam adormecidos, pois vivia pensando sempre como um casal e não mais como um indivíduo, deixando de lado tantas expectativas para o seu futuro.
O casal não estava junto quando se iniciou a pandemia, seu ex-namorado se encontrava na sua cidade natal, Garibaldi, no Rio Grande do Sul, visitando parentes, e Luiza em viagem com sua família, na Itália.
Quando Luiza chegou ao Brasil, os pensamentos sobre terminar o relacionamento vinham cada vez mais fortes, pois já não estava vendo seu parceiro como um namorado, e sim como um amigo distante, com quem conviveu por alguns anos.
Se a pandemia não tivesse se alastrado ao redor do mundo e Luiza não pudesse parar e pensar sobre esses fatos, talvez a decisão pelo fim dessa relação se estendesse ainda mais. Pois, diante do tempo de convívio, imaginava que poderiam se machucar com um rompimento inesperado.
“A angústia de não saber como falar ou de esperar o fim da pandemia para resolver isso, me atormentava, atingindo claramente minha saúde emocional”, explicou com tristeza.
Apesar de tudo, a pandemia deu um tempo grande de reflexão para reorganizar a vida sem alguém. Mudou os seus planos, é o que afirma a estudante. Agora ela pensa em seguir projetos dos quais antes havia aberto mão por causa do relacionamento.
Estar solteira trouxe descobertas pessoais e até mesmo temor quanto à vida sexual. Após tantos meses sem ver o ex-namorado e em isolamento social com a família, a estudante relata a tensão em seguir em frente, diante de uma doença que atingia a tantos e nem sempre com sintomas notáveis.
Agora, além de sexo seguro, é preciso se preocupar com a proliferação da Covid-19. Mas a estudante diz com muito bom humor que, mesmo com tudo isso, é possível sim manter a vida sexual ativa novamente, evitando grandes riscos. “Primeiro garantir que conheço o suficiente essa pessoa a ponto de confiar nela e conseguir explorar o lado sexual.”
Por Hadassa Aragão, Larissa Góes e Márcio Walter Machado